Tipo de Estudo
Pesquisa Primária
Objetivo da Pesquisa
Analisar o perfil de genes de resistência a antibióticos (conhecido como resistoma) e as bactérias intestinais de pacientes vindos de uma importante região de produção animal em Santa Catarina. O estudo também buscou entender como a internação hospitalar alterou esse perfil de resistência.
Problema/Lacuna que Soluciona
A resistência a antibióticos é uma ameaça global. Existe uma preocupação de que o uso de antibióticos na agropecuária contribua para o surgimento de 'superbactérias' que podem chegar aos hospitais. Este estudo investiga essa conexão no contexto brasileiro, analisando se pacientes de uma região de alta produção pecuária já chegam ao hospital carregando genes de resistência importantes.
Método
Foram coletadas amostras por swab retal de quatro pacientes no momento da internação e na alta hospitalar. O material genético (DNA) dessas amostras foi sequenciado para identificar os genes de resistência a antibióticos e as espécies de bactérias presentes. Os pesquisadores compararam os resultados da admissão com os da alta para ver o que mudou durante a hospitalização.
Público-Alvo
Quatro pacientes trabalhadores, provenientes da região oeste de Santa Catarina (área de intensa produção pecuária), que foram internados no Hospital Universitário da UFSC.
Categoria: Pesquisa em Humanos
Abrangência Geográfica do Estudo
Nível: Regional
Local: Pacientes provenientes da mesorregião Oeste Catarinense (municípios de Erval Velho, Caibi, Irani e Concórdia) e hospitalizados no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, em Florianópolis-SC.
Principal Resultado
O estudo encontrou uma grande quantidade de genes de resistência a antibióticos comuns, como aminoglicosídeos e tetraciclinas. O achado mais preocupante foi a presença do gene mcr-1, que confere resistência à colistina (um antibiótico de último recurso), em um paciente tanto na admissão quanto na alta. Isso indica que o paciente já chegou ao hospital colonizado, reforçando a hipótese de que a resistência pode estar se disseminando a partir de ambientes de produção animal.
Contribuição para Saúde Pública/SUS
O estudo fornece evidências concretas da conexão entre a agropecuária e a saúde humana no Brasil, mostrando que pacientes de certas regiões podem ser um reservatório de genes de resistência críticos para o SUS. Essa informação é vital para aprimorar a vigilância epidemiológica, as políticas de controle de infecção hospitalar e a regulação do uso de antibióticos na produção animal.
Estágio da Pesquisa
Aplicada em campo
Possíveis Aplicações
Os resultados podem ser usados para fortalecer os programas de vigilância da resistência antimicrobiana no SUS. Gestores de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) podem usar a informação para aprimorar protocolos de triagem de pacientes vindos de regiões com alta produção animal, identificando precocemente colonizações por bactérias multirresistentes e prevenindo surtos hospitalares.
Abrangência da Aplicação
Nacional
A disseminação de resistência a antibióticos entre a agropecuária e os serviços de saúde é um problema nacional. As conclusões são relevantes para qualquer hospital do SUS que atenda populações de áreas com uso intensivo de antimicrobianos na produção animal.
Cenário de Aplicação
Misto
Recomendações para o Sistema de Saúde
Mudança de Política PúblicaO estudo recomenda a formulação de políticas e a implementação de medidas direcionadas para controlar o desenvolvimento e a disseminação de novas bactérias multirresistentes, considerando a conexão entre a agropecuária e a saúde humana.
Limitações e Próximos Passos
Limitações
O principal limite apontado pelos autores é o pequeno número de participantes (apenas quatro pacientes), o que impede que os resultados sejam generalizados para uma população maior.
Próximos Passos
Os autores recomendam a vigilância contínua para monitorar a disseminação de bactérias resistentes. Eles também sugerem a criação de políticas públicas mais eficazes para controlar o surgimento e a disseminação de novas 'superbactérias', considerando a forte ligação entre saúde humana, animal e o meio ambiente (conceito de Saúde Única).
Principais Interessados
Grupos de Aplicação
- •Gestores hospitalares (ex: Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH)
- •Equipes de Vigilância em Saúde (municipal, estadual e federal/ANVISA)
- •Formuladores de políticas do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
Financiadores Atuais
- •Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (FAPESC)
- •Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
- •Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
- •Bill & Melinda Gates Foundation
Financiadores Sugeridos
- •Ministério da Saúde (ex: Departamento de Ciência e Tecnologia - DECIIT)
- •Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
- •Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs)
Benefício Já Gerado
Status: Não
Ainda não gerou impacto prático. O estudo gera evidências que podem subsidiar futuras políticas e práticas de vigilância e controle de infecção.
